Tenho tentado entender o que vem acontecendo dentro de mim nos últimos meses. Algo como uma brisa suave tem envolvido a minha alma e, muitas vezes, sou tomada por um profundo espanto diante da beleza da vida.
De algum jeito, não de forma preocupante ou alucinada, a infância tem tornado a me visitar. Acontece mais ou menos assim: bobeiras do dia-a-dia me fazem lembrar de coisas boas vividas que já não lembrava mais, meu olho se abre de novo para a novidade do mundo e eu fico aqui, estupefata, tentando absorver tudo aquilo que vejo e sinto.
Eu nunca fui boa em demonstrar e talvez tenha criado uma casca um pouco grossa demais para me proteger, justamente porque sempre fui muito sensível à tudo que me cerca.
Costumo amar muito fácil, mas admitir isso em voz alta, nunca, expressar isso de alguma forma, menos ainda. Só que ultimamente não tenho conseguido esconder meu carinho, não tenho conseguido segurar o meu sorriso e isso me assusta um pouco.
Tenho sentido vontade de falar de novo, ou expressar de alguma forma. Na verdade vontade não é bem a palavra certa, acho que a melhor seria ânsia. É como se não fosse possível segurar isso dentro de mim e precisasse colocar para fora de alguma forma.
Me sinto frágil, mas por alguma estranha razão eu gosto disso. Me atrevo a dizer que o motivo dessa satisfação é a verdade, porque a gente percebe quando toca no que é real e não tem como ser mais do que uma simples criatura humana, fraca, impotente, falha.
E assim, diluída nessa fraqueza, sinto que pertenço a algo maior que sabe, embora eu não. Percebo que não tenho outra saída se não confiar e embarcar em um universo (ou oceano?) desconhecido. O que eu vou encontrar do outro lado? tem algo lá?
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