Na adolescência, meu maior hobbie era passar horas experimentando roupas, testando maquiagens e penteados de cabelo. De alguma forma, toda a infraestrutura que isso envolvia me trazia uma incrível satisfação, e tudo bem, porque não se espera de uma menina de 15 anos que ela não seja idiota.
O problema é que hoje, 10 anos mais tarde, eu busco, muitas vezes, os mesmos hábitos daquela garota estúpida para me confortar, porém já não encontro a satisfação antes tão instantânea neste ato. Fico tentando entender por que me parecia tão incrível gastar horas com isso, se hoje o que sinto é um vazio aumentando todas as vezes que dedico horas exclusivamente para a minha aparência externa ou simplesmente para mim.
Não é como se não sentisse esse preenchimento em outras circunstâncias, mas hoje ela envolve mais as conquistas intelectuais: livros lidos, habilidades novas, progresso nos estudos pessoais. Isso me faz me sentir uma pessoa melhor, e me faz sentir mais linda do que qualquer maquiagem jamais fez.
Mas parece que quando viver fica pesado, eu busco instantaneamente esses hábitos antigos que já não me preenchem por julgar chato e lento o meu novo método de me sentir completa. Eu não aceito que cresci e meus gostos hoje são outros.
Em algum lugar dentro de mim ainda sou aquela criança de 5 e a adolescente de 15, mas preciso encontrar um jeito delas coexistirem com a nova pessoa que venho me tornando.
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